Grandona. Foi assim que Rebeca Andrade se definiu depois de conquistar a medalha de ouro no solo da Ginástica Artística, nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, e se tornar a maior atleta olímpica da história do Brasil. Ao subir no lugar mais alto do pódio na Arena Bercy, nesta segunda-feira (05/08), Rebeca chegou a seis medalhas olímpicas e passou Robert Scheidt e Torben Grael, da vela, que somam cinco cada um.
Rebeca agora tem dois ouros, três pratas e um bronze. Em Paris, ela garantiu um ouro, duas pratas e um bronze, quebrando também outro recorde. Com quatro medalhas em uma única edição de Jogos Olímpicos, ela superou Isaquias Queiroz, da canoagem velocidade, que no Rio 2016 conquistou três pódios.
“Eu estou muito feliz e muito honrada por hoje estar nessa posição, é algo que é muito difícil de ser conquistado A gente treina bastante, luta bastante, bate diversas vezes no quase e as vezes não acontece, né? Então realmente é uma honra mesmo poder representar. Mostrar que é possível”, disse a maior ginasta brasileira de todos os tempos.
Na premiação do solo, Rebeca foi reverenciada pelas norte-americanas Simone Biles e Jordan Chiles, que ficaram em segundo e terceiro lugar, respectivamente. As duas se ajoelharam e fizeram um gesto de reverência a Rebeca quando a brasileira foi anunciada como campeã olímpica. A foto rodou o mundo, especialmente porque Biles é considerada a melhor ginasta do mundo.
“A Rebeca é tão incrível. Ela é uma rainha. Foi um pódio todo de mulheres pretas, muito estimulante. E aí falei com a Jordan? Devemos reverenciá-la? Com certeza! Ela é tão emocionante de assistir e o público sempre a apoiando. Então era a coisa certa a fazer”, disse Biles. “Ela é um ícone, uma lenda. Então reconhecer alguém que se dedicou tanto é algo que todos deveriam fazer”, completou Jordan Chiles.
“Elas são as melhores do mundo, então ter uma cena como essa significa muito pra mim, é algo muito grandioso, eu me sinto muito honrada”, retribuiu Rebeca. “A gente já tinha feito isso no Mundial e poder repetir isso agora numa Olimpíada onde o mundo inteiro tá vendo a gente é mostrar a potência dos negros, mostrar que, independente das dificuldades, a gente pode sim fazer acontecer que é ou as pessoas aplaudem ou elas engolem, sabe?”, afirmou a brasileira sobre o pódio formado 100% por ginastas negras.
Medalha escapa na trave
Antes da final do solo, Rebeca disputou a final da trave, que também teve a brasileira Júlia Soares. Júlia, que foi a segunda a se apresentar, teve uma queda e terminou com a nota 12.333, em sétimo lugar. Simone Biles também caiu e ficou fora do pódio. Rebeca, mesmo sem quedas, somou 13.933, nota que foi insuficiente para garantira uma medalha. A brasileira terminou em quarto, à frente de Biles, que foi quinta.
Apesar da queda, Júlia se despediu dos Jogos de Paris com muito a comemorar. “Para mim foi realmente incrível essa competição. Não tem preço que pague entrar na história junto com toda a equipe brasileira. Encararia novamente todos os desafios que enfrentei só para ter esse momento mais uma vez. Estou muito, muito feliz por ter sido finalista na trave na minha primeira Olimpíada”, disse a paranaense, que foi bronze por equipes com o Brasil.
Bolsa Atleta
Apoiada pelo Programa Bolsa Atleta desde 2012, quando entrou na categoria internacional, Rebeca ajudou a ginástica a fazer uma campanha histórica em Paris. Foram quatro medalhas conquistadas: o ouro e as duas pratas de Rebeca, e o histórico bronze na prova por equipes. Jade Barbosa, Flávia Saraiva, Júlia Soares e Lorrane Oliveira estiveram ao lado de Rebeca na conquista do bronze, todas elas também bolsistas.
“É o que a gente sempre quis, né? Mostrar a nossa capacidade e colocar o nome da ginástica lá no topo. Nós sempre tivemos atletas muito talentosas e com o passar dos anos a gente foi conseguindo mostrar tudo isso”, disse Rebeca.
*Foto: Ricardo Buffolin/CBG
*POR Assessoria de Comunicação